Provavelmente você já ouviu falar sobre o tal do IPv6, mas se nunca ouviu, com certeza é bom saber. Todo mundo fala por aí sobre as grandes mudanças que ele trará para a Internet, porém, nunca com grande exatidão, e nem tudo o que você deve saber.
IPv6 significa IP versão 6, ou seja, Internet Protocol versão 6. O protocolo IP é o responsável pela conexão de todos os dispositivos com acesso à Internet no mundo. Sua versão atual mais popular é a versão 4, ou IPv4.
Como estudante prestes a se formar em Ciência da Computação, vou tentar abordar aqui de forma simples tudo o que se deve saber sobre a nova versão do protocolo, e as principais diferenças entre a sua versão antiga, a versão 4.
Por que mudar?
A ideia do protocolo IPv6 é substituir o protocolo atual totalmente. O principal motivo por se querer tanto essa mudança é algo simples: Em pouco tempo, não existirá mais endereços IP disponíveis para novos dispositivos! Isso mesmo. Para acessar a Internet, cada máquina no mundo precisa ter um endereço IP único. Quando a versão atual do protocolo foi criada, em 1981, eles não previram este crescente número de máquinas que iriam se conectar à Internet hoje. A versão atual suporta um limite máximo de 4.294.967.296 (2³²), ou um pouco mais de 4 bilhões de endereços, e sim, eles estão acabando, e quando eles acabarem, ninguém mais fora quem já está conectado terá acesso à Internet.
O segundo principal motivo é que quando a versão atual foi criada, seus desenvolvedores não estavam preocupados com a segurança da informação na rede mundial. A versão 4 do protocolo IP se preocupa apenas em estabelecer uma conexão entre dois pontos na rede para se fazer a comunicação, e os dados trafegam de forma pura nela. Ao longo dos anos, viu-se a importantíssima necessidade de tornar estas conexões seguras e foi-se criando tecnologias cada vez mais eficientes em fazer isto.
O IPv6 tem como objetivos principais trazer solução para estes dois grandes problemas, aumentando de forma considerável o numero de IPs únicos disponíveis, e também absorvendo em si próprio as mais eficientes técnicas de segurança informacional disponíveis.
Número de endereços disponíveis
Como já dito antes, a versão 4 do protocolo IP suporta um número máximo de endereços únicos de um pouco mais de 4 bilhões. Bom, o número exato de endereços que o protocolo IPv6 irá acomodar, exatamente, é 340.282.366.920.938.463.463.374.607.431.768.211.456 -- ou para tornar mais fácil, 2¹²⁸. Este é um número assustadoramente tão grande que para ser sincero, eu não sei como falar ele.
Como eles fizeram isso? Bom, entrando numa parte mais técnica, os endereços no IPv4 possuem o seguinte formato: 255.255.255.255, onde cada casa numérica utiliza um número que vai de 0 até 9, ou seja, de base decimal (10 diferentes valores). Já um endereço no IPv6 pode assumir esta aparência: 2001:0db8:85a3:0042:0000:8a2e:0370:7334, onde cada casa numérica utiliza um número que vai de 0 até F, ou seja, de base hexadecimal (podendo assumir 16 valores diferentes, onde os valores maiores que 9 são representados pelas letras A, B, C, D e F, em ordem crescente). Utilizando a base hexadecimal invés da decimal para representar os endereços, e utilizando mais uma casa numérica por separações (no IPv4, os pontos ".", no IPv6 os dois-pontos ":"), e também utilizando mais separações (no IPv4, 4 domínios, no IPv6, 8 domínios), foi possível obter um número de endereços tão absurdamente grande, que não será preciso se preocupar com isto por muito, mas muito tempo (espera-se que nunca mais).
A segurança da informação
Como mencionado, durante o desenvolvimento do protocolo IPv4, nunca houve uma preocupação com segurança pois não se acreditava ser tão necessária. Hoje, infelizmente, vimos ser essencial. Durante todos esses anos vivendo com o IPv4, desenvolvemos técnicas de segurança muito boas e eficientes, como VPN, autenticações, IPSec, SSL, criptografia assimétrica (não existia antes da era da computação, e quebrou totalmente tudo que se sabia sobre criptografia até então) para mencionar apenas algumas.
No IPv4, a segurança, seja de qualquer tipo, é opcional para se obter uma conexão. Já no IPv6, segurança é obrigatória, para qualquer tipo de conexão, não importando se for uma conversa cotidiana via Messenger, ou uma transação milionária via Internet, a conexão será encapsulada por uma camada de segurança, implementada pelo protocolo IPSec.
O IPSec, ou Internet Protocol Security, é um dos mais avançados algoritmos de segurança. Ele usa diferentes criptografias determinadas por uma associação segura (SA), e garante de forma lógica a confiabilidade e autenticidade da origem das informações, e a integridade dos dados (ou seja, os dados que sairam da origem realmente são os mesmos que chegaram até você). Ele poderá ser utilizado em dois modos: Modo transporte, onde somente os dados em si são criptografados, ou no Modo túnel, onde o pacote por completo é criptografado (incluindo o IP de origem e destino), o segundo garantindo mais segurança ainda.
Todas essas novidades são totalmente transparentes para os aplicativos no seu computador ou smartphone, nenhuma mudança deverá ser feita, pois quem cuida disso é o seu roteador ou modem.
Finalizando
O IPv6 deverá cobrir todas as falhas de segurança descobertas na versão antiga desde os anos 80, incluir uma nova camada dedicada somente à segurança da informação e também aumentar de uma forma absurda o número de endereços disponíveis mundialmente, tornando virtualmente impossível seu esgotamento num intervalo de tempo muito longo. Com todas estas melhorias, resta a pergunta: Quando começa a funcionar?
Na verdade, estamos atualmente em uma fase transitória, mista, com o IPv4 funcionando ao lado do IPv6, porém, os dois protocolos são incompatíveis entre si, tornando comunicação entre quem está no IPv6 impossível com quem está com IPv4. O final desta fase transitória estava prevista para Julho deste ano, onde a versão 4 seria totalmente desligada e nenhuma conexão nova deste protocolo seria aceita. Porém, não foi isto que aconteceu. O IPv4 ainda possui a maioria das conexões mundiais, e nem todo mundo está preparado para a transição.
Para você conseguir se conectar no modo IPv6, você precisa de hardware adequado: Modem, roteadores, placas de rede, sistema operacional. A grande maioria dos computadores novos, comprados a partir de 2010 já possuem suporte para a nova versão.
Para o Windows Vista em diante, o IPv6 já vem habilitado por padrão. No Linux, em qualquer distribuição atual, o IPv6 também já está habilitado (kernel 2.2.x e anteriores não possuem), isso inclui Ubuntu e Android. Por Final, o Mac OS possui IPv6 habilitado desde a versão 10.1.
Para os roteadores, se o seu não possui suporte para IPv6, deverá procurar atualização de firmware no site, e se mesmo assim ele não der suporte, infelizmente, você deverá comprar um novo.
Os modems são responsabilidade do seu provedor de Internet e você deverá contatar eles pedindo a troca para um modem que suporte IPv6 (e também provavelmente deverá pedir para eles habilitarem o IPv6 para você no sistema deles).
Quando realmente ocorrerá a troca, não se sabe, infelizmente não é possível simplesmente desligar a Internet em um nível mundial por um dia para efetuar esta troca, quando tantas companhias dependem dela para fazer negócios (imagine o tamanho do prejuízo que isso iria causar em nível mundial).
Apenas deve-se saber: Esteja preparado, quando esta troca acontecer, e você não tiver os dispositivos que suportem a nova versão, você ficará sem Internet!
IPv6 significa IP versão 6, ou seja, Internet Protocol versão 6. O protocolo IP é o responsável pela conexão de todos os dispositivos com acesso à Internet no mundo. Sua versão atual mais popular é a versão 4, ou IPv4.
Como estudante prestes a se formar em Ciência da Computação, vou tentar abordar aqui de forma simples tudo o que se deve saber sobre a nova versão do protocolo, e as principais diferenças entre a sua versão antiga, a versão 4.
Por que mudar?
A ideia do protocolo IPv6 é substituir o protocolo atual totalmente. O principal motivo por se querer tanto essa mudança é algo simples: Em pouco tempo, não existirá mais endereços IP disponíveis para novos dispositivos! Isso mesmo. Para acessar a Internet, cada máquina no mundo precisa ter um endereço IP único. Quando a versão atual do protocolo foi criada, em 1981, eles não previram este crescente número de máquinas que iriam se conectar à Internet hoje. A versão atual suporta um limite máximo de 4.294.967.296 (2³²), ou um pouco mais de 4 bilhões de endereços, e sim, eles estão acabando, e quando eles acabarem, ninguém mais fora quem já está conectado terá acesso à Internet.
O segundo principal motivo é que quando a versão atual foi criada, seus desenvolvedores não estavam preocupados com a segurança da informação na rede mundial. A versão 4 do protocolo IP se preocupa apenas em estabelecer uma conexão entre dois pontos na rede para se fazer a comunicação, e os dados trafegam de forma pura nela. Ao longo dos anos, viu-se a importantíssima necessidade de tornar estas conexões seguras e foi-se criando tecnologias cada vez mais eficientes em fazer isto.
O IPv6 tem como objetivos principais trazer solução para estes dois grandes problemas, aumentando de forma considerável o numero de IPs únicos disponíveis, e também absorvendo em si próprio as mais eficientes técnicas de segurança informacional disponíveis.
Número de endereços disponíveis
Como já dito antes, a versão 4 do protocolo IP suporta um número máximo de endereços únicos de um pouco mais de 4 bilhões. Bom, o número exato de endereços que o protocolo IPv6 irá acomodar, exatamente, é 340.282.366.920.938.463.463.374.607.431.768.211.456 -- ou para tornar mais fácil, 2¹²⁸. Este é um número assustadoramente tão grande que para ser sincero, eu não sei como falar ele.
Como eles fizeram isso? Bom, entrando numa parte mais técnica, os endereços no IPv4 possuem o seguinte formato: 255.255.255.255, onde cada casa numérica utiliza um número que vai de 0 até 9, ou seja, de base decimal (10 diferentes valores). Já um endereço no IPv6 pode assumir esta aparência: 2001:0db8:85a3:0042:0000:8a2e:0370:7334, onde cada casa numérica utiliza um número que vai de 0 até F, ou seja, de base hexadecimal (podendo assumir 16 valores diferentes, onde os valores maiores que 9 são representados pelas letras A, B, C, D e F, em ordem crescente). Utilizando a base hexadecimal invés da decimal para representar os endereços, e utilizando mais uma casa numérica por separações (no IPv4, os pontos ".", no IPv6 os dois-pontos ":"), e também utilizando mais separações (no IPv4, 4 domínios, no IPv6, 8 domínios), foi possível obter um número de endereços tão absurdamente grande, que não será preciso se preocupar com isto por muito, mas muito tempo (espera-se que nunca mais).
A segurança da informação
Como mencionado, durante o desenvolvimento do protocolo IPv4, nunca houve uma preocupação com segurança pois não se acreditava ser tão necessária. Hoje, infelizmente, vimos ser essencial. Durante todos esses anos vivendo com o IPv4, desenvolvemos técnicas de segurança muito boas e eficientes, como VPN, autenticações, IPSec, SSL, criptografia assimétrica (não existia antes da era da computação, e quebrou totalmente tudo que se sabia sobre criptografia até então) para mencionar apenas algumas.
No IPv4, a segurança, seja de qualquer tipo, é opcional para se obter uma conexão. Já no IPv6, segurança é obrigatória, para qualquer tipo de conexão, não importando se for uma conversa cotidiana via Messenger, ou uma transação milionária via Internet, a conexão será encapsulada por uma camada de segurança, implementada pelo protocolo IPSec.
O IPSec, ou Internet Protocol Security, é um dos mais avançados algoritmos de segurança. Ele usa diferentes criptografias determinadas por uma associação segura (SA), e garante de forma lógica a confiabilidade e autenticidade da origem das informações, e a integridade dos dados (ou seja, os dados que sairam da origem realmente são os mesmos que chegaram até você). Ele poderá ser utilizado em dois modos: Modo transporte, onde somente os dados em si são criptografados, ou no Modo túnel, onde o pacote por completo é criptografado (incluindo o IP de origem e destino), o segundo garantindo mais segurança ainda.
Todas essas novidades são totalmente transparentes para os aplicativos no seu computador ou smartphone, nenhuma mudança deverá ser feita, pois quem cuida disso é o seu roteador ou modem.
Finalizando
O IPv6 deverá cobrir todas as falhas de segurança descobertas na versão antiga desde os anos 80, incluir uma nova camada dedicada somente à segurança da informação e também aumentar de uma forma absurda o número de endereços disponíveis mundialmente, tornando virtualmente impossível seu esgotamento num intervalo de tempo muito longo. Com todas estas melhorias, resta a pergunta: Quando começa a funcionar?
Na verdade, estamos atualmente em uma fase transitória, mista, com o IPv4 funcionando ao lado do IPv6, porém, os dois protocolos são incompatíveis entre si, tornando comunicação entre quem está no IPv6 impossível com quem está com IPv4. O final desta fase transitória estava prevista para Julho deste ano, onde a versão 4 seria totalmente desligada e nenhuma conexão nova deste protocolo seria aceita. Porém, não foi isto que aconteceu. O IPv4 ainda possui a maioria das conexões mundiais, e nem todo mundo está preparado para a transição.
Para você conseguir se conectar no modo IPv6, você precisa de hardware adequado: Modem, roteadores, placas de rede, sistema operacional. A grande maioria dos computadores novos, comprados a partir de 2010 já possuem suporte para a nova versão.
Para o Windows Vista em diante, o IPv6 já vem habilitado por padrão. No Linux, em qualquer distribuição atual, o IPv6 também já está habilitado (kernel 2.2.x e anteriores não possuem), isso inclui Ubuntu e Android. Por Final, o Mac OS possui IPv6 habilitado desde a versão 10.1.
Para os roteadores, se o seu não possui suporte para IPv6, deverá procurar atualização de firmware no site, e se mesmo assim ele não der suporte, infelizmente, você deverá comprar um novo.
Os modems são responsabilidade do seu provedor de Internet e você deverá contatar eles pedindo a troca para um modem que suporte IPv6 (e também provavelmente deverá pedir para eles habilitarem o IPv6 para você no sistema deles).
Quando realmente ocorrerá a troca, não se sabe, infelizmente não é possível simplesmente desligar a Internet em um nível mundial por um dia para efetuar esta troca, quando tantas companhias dependem dela para fazer negócios (imagine o tamanho do prejuízo que isso iria causar em nível mundial).
Apenas deve-se saber: Esteja preparado, quando esta troca acontecer, e você não tiver os dispositivos que suportem a nova versão, você ficará sem Internet!